O DITO, O NÃO DITO E O BEM DITO: VIOLÊNCIA NA INFÂNCIA EM ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO
Resumo
A violência constitui hoje uma grande preocupação para a saúde da população brasileira e para o setor saúde, onde mulheres sofrem agressão física, sexual, psicológica e econômica. Para discutir esta temática, essa pesquisa teve como objetivos caracterizar o perfil de adolescentes do sexo feminino que foram vítimas de violência doméstica na infância, bem como compreender e identificar os tipos de violência e as repercussões na saúde mental das adolescentes. Com abordagem quantitativa e qualitativa, esta pesquisa se desenvolveu em dez escolas do município de Sobral, Ceará, pertencentes à rede pública. Participaram da pesquisaadolescentes do sexo feminino com faixa etária de 12 a 19 anos que frequentavam regularmente as referidas escolas. Os dados foram analisados a partir do método estatístico descritivo e processados no programa de software SPSS, versão 13, e para verificação entre variáveis estudadas e a ocorrência de violência doméstica foi aplicado o teste de Qui-quadrado de Pearson. Pelos dados estatísticos, acerca do perfil das adolescentes, identificamos que 73,6% das participantes do estudo sofreram algum tipo de violência na infância e que o grupo familiar esteve relacionado com o fato de sofrer algum tipo violência, destacando entre elas a negligência e abuso emocional. Concluímos que o fenômeno violência e suas características ainda é pouco explorado. De acordo com a literatura abordada, em nosso meio, os aspectos culturais foram fatores importantes para o comportamento dos familiares, tendo como consequência, em muitos casos, o abuso de poder do mais forte sobre o mais fraco.
Referências
Sousa VA. Um olhar de gênero nas temáticas sociais. João
Pessoa: Idéia; 1997.
Krug EG, Dahlberg LL, Mercy JA, Zwi AB, Lozano R.
World Report on violence and health. Geneva: World Health
Organization; 2002.
Holt S, Buckley H, Whelan S. The impact of exposure to
domestic violence on children and young people: a review
of the literature. Child Abuse e Negl. 2008; 32(8):797–810.
Oliveira EN, Jorge MSB. Violência contra a mulher:
sofrimento psíquico e adoecimento mental. Rev Rene. 2007;
(2):93-100.
Population Reports. Population Information Program.
Como acabar com a violência contra as mulheres. Maryland:
Johns Hopkins University; 1999.
Ministério da Saúde. (Brasil). Secretaria de Políticas de
Saúde. Violência intrafamiliar: Orientações para a prática em
serviço. Cadernos de Atenção Básica nº8, Série A - Normas
e Manuais Técnicos n°131 [Internet]. Brasília, DF; 2002.
[Acesso em 2012 mai 09]. Disponível em: http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_19.pdf.
Moura ATMS, Reichenheim ME. Estamos realmente
detectando violência familiar contra a criança em serviços
de saúde? A experiência de um serviço público do Rio de
Janeiro, Brasil. Cad Saúde Pública [periódico na Internet].
[Acesso em 2011 jul 15]; 21(4):1124-33. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n4/14.pdf.
Grassi-Oliveira R, Stein LM, Pezzi JC. Tradução e validação
de conteúdo da versão em português do Childhood Trauma
Questionnaire. Rev Saúde Pública [periódico na Internet].
[Acesso em 2011 set10]; 40(2):249-55. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v40n2/28529.pdf.
Bernstein DP, Stein JA, Newcomb MD, Walker E, Pogge
D, Ahluvalia T et al. Development and validation of a brief
screening version of the childhood trauma questionnaire.
Child Abuse Negl. 2003; 27(2):169-90.
Fontanella BJB, Ricas J, Turato ER. Amostragem por
saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições
teóricas. Cad Saúde Pública [periódico na Internet]. 2008
[Acesso em 2012 mar 05]; 24(1):17-27. Disponível em:
http://www.scielosp.org/pdf/csp/v24n1/02.pdf.
Costa COM, Carvalho RC, Bárbara JFRS, Santos CAST,
Gomes WA, Sousa HL. O perfil da violência contra crianças
e adolescentes, segundo registros de Conselhos Tutelares:
vítimas, agressores e manifestações de violência. Ciênc
Saúde Coletiva [periódico na Internet]. 2007 [Acesso em
jul 02]; 12(5):1129-41. Disponível em: http://redalyc.
uaemex.mx/pdf/630/63012509.pdf.
Costa COM, Souza RP de. Abordagem da criança e do
adolescente. In: Costa COM, Souza RP de. (org). Semiologia e
Atenção Primária à Criança e ao Adolescente. Rio de Janeiro:
Revinter; 2005. p. 76-91.
Caminha RM. A Violência e seus danos à criança e ao
adolescente. In: Amencar (Coord.). Violência doméstica. São
Leopoldo: Amencar;1989.
Assis SG, Avanci JQ, Santos NC, Malaquias JV, Oliveira
RVC. Violência e representação social na adolescência no
Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2004; 16(1):43–51.
Pfeiffer L, Salvagni EP. Visão atual do abuso sexual na
infância e adolescência. J Pediatr [periódico na Internet].
[Acesso em 2012 jul 10]; 81(5 supl.). Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/jped/v81n5s0/v81n5Sa10.pdf.
Knapp JF. The impact of children witnessing violence.
Pediatric Clinics of North America. 1998; 45:335-64.
Pfeiffer L, Hirschheimer MR. Combate à violência contra
crianças e adolescentes [Internet]. 2008 [Acesso em 2011
ago 11]. Disponível em: http://www.condeca.sp.gov.br/
eventos_re/ii_forum_paulista/c3.pdf.
Bigras M, Paquette D. Estudo pessoa-processo-contexto
da qualidade das interações entre mãe-adolescente e seu
bebê. Ciênc Saúde Coletiva [periódico na Internet]. 2007
[Acesso em 2012 mai 10]; 12(5):1167-74. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n5/07.pdf.
Mattar R, Abrahão AR, Neto JA, Colas OR, Schroeder I,
Machado SJR et al. Assistência multiprofissional à vítima de
violência sexual: a experiência da Universidade Federal de
São Paulo. Cad Saúde Pública. 2007; 23(2):459-64.
Oshikata CT, Bedone AJ, Faúndes A. Atendimento de
emergência a mulheres que sofreram violência sexual:
características das mulheres e resultados até seis meses pósagressão.
Cad Saude Publica. 2005; 21(1):192-99.
Brasil. Lei n. 8.069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da
Criança e do Adolescente [internet]. [Acesso em 2011 mai
. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/
L8069.htm.
Maldonado DPA, Williams LCA. O comportamento agressivo
de crianças do sexo masculino na escola e sua relação com a
violência doméstica. Psicol estud. 2005; 10(3):353-62.
Grassi-Oliveira R. Traumatologia desenvolvimental: o
impacto da negligência na infância na memória de adultos
[tese] [Internet]. Porto Alegre: Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul; 2007. [Acesso em 2012 abr 03].
Disponível em: http://ged1.capes.gov.br/CapesProcessos/
premio2008/969192-ARQ/969192_5.PDF.
Marty F. Adolescência, violência e sociedade. AG. 2006;
(1):119-31.
De Antoni C, Koller SH. A visão de família entre as
adolescentes que sofreram violência intrafamiliar. Estud
psicol. [periódico na Internet]. 2000 [Acesso em 2012 abr
; 5(2):347-81. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
epsic/v5n2/a04v05n2.pdf.
Souza MKB de, Santana JSS. Atenção ao adolescente
vítima de violência: participação de gestores municipais de
saúde. Ciênc Saúde Coletiva [periódico na Internet]. 2009
[Acesso em 2012 mar 18]; 14(2):547-55. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v14n2/a23v14n2.pdf.
Faleiros VP. Violência contra a infância. Sociedade e
Estado. 1995; 10(2):475-87.
Ferreira KMM. Violência doméstica/ intrafamiliar contra
crianças e adolescentes – nossa realidade. In: Silva LMP
(Org.). Violência doméstica contra a criança e o adolescente.
Recife: EDUPE; 2002. 240p.
Pinheiro DPN. A resiliência em discussão. Psicol estud.
; 9(1):67-75.
Yunes MAM. Psicologia positiva e resiliência: o foco no
indivíduo e na família. Psicol estud. 2003; 8(esp.):75-84.