CONHECIMENTO POPULAR SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CEARÁ, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.36925/sanare.v13i1.429Abstract
A Organização Mundial de Saúde revela que 85% das pessoas do mundo utilizam plantas medicinais para tratar doenças. Estudos etnobotânicos caracterizam as realidades locais enfocando as interações das sociedades humanas e os recursos vegetais disponíveis. No Nordeste brasileiro, o uso de plantas medicinais como prática terapêutica é uma prática constante, o que permite a integração dos discursos científico e tradicional envolvendo os fatores culturais inerentes dessa região e sua interpretação.O presente estudo verificou o uso de plantas para fins medicinais no município de Sobral, Ceará. Para tanto, 58 pessoas foram entrevistadas na região central do município. Todos os participantes utilizam plantas medicinais rotineiramente para o tratamento de diferentes doenças. 25,8% dos informantes relataram fazer uso continuado de medicação alopata. Quarenta e uma espécies de plantas medicinais foram mencionadas pela população, sendo o boldo brasileiro (Coleusbarbatus) e a erva-cidreira (Melissa officinalis) as mais citadas. Observou-se, ainda, que a indicação do uso dessas plantas está relacionada ao tratamento de manifestações agudas e transitórias, como cólicas intestinais e cefaleia, e não associadas à medicação alopata para estes fins.
Entretanto, os entrevistados afirmaram associar plantas medicinais à medicação alopata para o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão arterial (46,66%) e diabetes (26,66%).
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